Como aumentar a produtividade num cenário de escassez de recursos para investir?

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Por Ricardo Oliveira

O Brasil vem perdendo competitividade ao longo dos anos e Produtividade se tornou palavra de ordem. Além de fatores relacionados à atual conjuntura econômica e política do País e aos problemas estruturais existentes, a baixa produtividade brasileira é considerada um dos aspectos que mais contribuíram para essa perda. Nesse cenário, vemos o Lean Management como uma filosofia gerencial muito útil para reduzir desperdícios e aumentar a produtividade das empresas. Veja nos tópicos abaixo como anda a produtividade do brasileiro e o que pode ser feito para nos tornarmos mais competitivos, mesmo num cenário de escassez de recursos.

A produtividade do brasileiro

Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria – CNI mostrou que a produtividade no Brasil, entre os anos de 2002 e 2012, cresceu bem menos do que em outros 11 países concorrentes pesquisados. Veja no gráfico:

Grafico-Lean

Essa baixa produtividade do trabalho colaborou para que o Brasil registrasse na década o mais alto Custo Unitário do Trabalho em dólares reais (CUT), medida que representa o custo com trabalho para se produzir um bem. Segundo dados mais recentes, extraídos do Relatório Global de Competitividade 2015-2016, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil perdeu 18 posições no ranking que avalia a competitividade de 140 países, obtendo a 75ª posição, a pior na série histórica.

Fazendo-se uma análise comparativa, segundo dados de pesquisa realizada pela Conference Board, em 2015, a produtividade per capita do trabalhador dos EUA era aproximadamente quatro vezes maior do que a do trabalhador brasileiro, como mostra a figura. Alguns dos fatores apontados para essa baixa produtividade são: o baixo nível educacional, a falta de qualificação, os gargalos na infraestrutura e os poucos investimentos em inovação tecnológica no país.

Grafico-Lean-2-jpg

O cenário atual

Os dados acima indicam que estamos num cenário onde existe uma escassez de recursos para investir, ao mesmo tempo em que precisamos investir para aumentar a produtividade. O que podemos fazer nesse cenário? Uma das recomendações, que não exige altos investimentos e pode ser iniciada no curto prazo, é a análise crítica dos processos internos da empresa, com o objetivo de identificar possíveis desperdícios e retrabalhos que prejudicam a produtividade e aumentam os custos. Para isso, nada melhor do que o Lean Management, que é uma filosofia gerencial que utiliza métodos, técnicas e ferramentas para deixar o seu processo enxuto, buscando manter somente as atividades que agregam valor para o cliente.

O Lean Management como alternativa

Dois aspectos fundamentais da aplicação do Lean Management que estão relacionados ao aumento da produtividade são: tempo e qualidade. Em relação ao tempo, é preciso modelar os processos de maneira a aumentar a velocidade de entrega dos mesmos, ou seja, obtendo mais unidades por hora trabalhada da equipe. Isso envolve inciativas voltadas para a melhoria do layout, a eliminação de atividades desnecessárias, a utilização de tecnologias para automatização de atividade, dentre outras. Vale enfatizar que aumentar a velocidade do processo não significa trabalhar com pressa e esse aumento da velocidade não pode significar perda de qualidade. Isso porque a ocorrência de defeitos nos produtos geram custos da não qualidade e consomem tempo para produzir novamente as unidades defeituosas que, por consequência, reduzem a produtividade.

Lean Management – Por onde começar?

Para aumentar a produtividade dos processos, o primeiro passo é conhecer a situação atual dos mesmos. Para isso, recomenda-se a utilização de 02 ferramentas básicas do Lean Management: o Mapa de Fluxo do Valor – MFV (Value Stream Map – VSM) e o Mapa de Processo. O MFV, numa visão macro e dinâmica, tem como foco identificar os aspectos de produtividade e capacidade do processo, utilizando para isso métricas como o tempo de ciclo, tempo takt e estoques intermediários e finais. Após o desenho do fluxo, utilizam-se essas métricas para suportar quantitativamente a identificação de ineficiências, gargalos e desperdícios ao longo do processo, e para definir as oportunidades de melhoria do mesmo. O Mapa do Processo é utilizado com o objetivo de se identificar todos os parâmetros que impactam no resultado final do processo. Para cada etapa do processo, são identificados os parâmetros de processo e de produto, e, com uma boa base de dados históricos dos parâmetros, é possível estabelecer a correlação entre os mesmo ao longo do processo e atuar de maneira pontual em parâmetros críticos, do ponto de vista de qualidade e produtividade no resultado final.

Cultura organizacional e seu impacto na implantação do Lean Management

Cultura organizacional é um assunto que não pode ficar de fora dessa filosofia. A implantação do Lean Management exige uma mudança de postura e comportamento dos colaboradores de uma organização, principalmente dos líderes, tornando-se um fator crítico para o sucesso da iniciativa. Em outras palavras, a implantação do Lean Management é fortemente impactada pela cultura organizacional. Em seu livro Creating a Lean Culture (Criando uma Cultura Enxuta), David Mann diz que as ferramentas e práticas do Lean Management são em sua maioria simples de serem implantadas. Porém, muitos projetos de implantação dessa filosofia falham pela falta de avaliação do aspecto cultural e pela inexistência de práticas de gestão da mudança.

Assim, pode-se afirmar que a falta de recursos para investir não é motivo para se conformar com baixa produtividade e resultados ruins. O Lean Management se apresenta como alternativa viável, que não exige altos investimentos e que pode ser utilizada no curto prazo, com sucesso. Vale ressaltar apenas que a cultura organizacional é fator crítico de sucesso e, como tal, merece especial atenção.